A jornada improvável do Soft Rock: do domínio dos anos 70 ao regresso em junho de 2023

O ressurgimento do soft rock representa um dos recomeços mais inesperados da história da música. Após dominar as paradas globais durante os anos 1970, o género enfrentou anos de desprezo antes de experimentar uma revivescência notável que ganhou impulso particular em junho de 2023, impulsionada por um renovado interesse cultural e plataformas de mídia digital.

As Origens e o Pico do Gênero

A história cultural do soft rock remonta a 1973, quando o músico canadense Dan Hill co-escreveu a balada que se tornaria a faixa-título de um novo documentário que examina esse fenómeno. A própria canção encarna a essência do género—uma história de amor pessoal com ressonância emocional universal. Ao longo dos anos 70, artistas como Air Supply, Kenny Loggins, Ray Parker Jr., Rupert Holmes e The Carpenters estabeleceram o soft rock como um gigante comercial, com suas melodias tornando-se trilhas sonoras essenciais para uma geração inteira.

A Queda e o Recomeço Inesperado

Até os anos 80, a sorte do soft rock virou dramaticamente. O género que uma vez enchia estádios tornou-se alvo de zombarias culturais, visto como ultrapassado e excessivamente sentimental. No entanto, essa narrativa mudou significativamente nos últimos anos. Três desenvolvimentos interligados impulsionaram a ressurreição do género: o impacto pós-11 de setembro, o acolhimento dessas melodias emocionais na Broadway e o reconhecimento crossover por pioneiros do hip-hop. Daryl “DMC” Daniels do Run DMC creditou, de forma notável, a influência do músico de jazz Bob James como fundamental para o desenvolvimento do hip-hop, criando uma ponte inesperada entre géneros.

Recomeços de junho de 2023 e Reconhecimento Moderno

A era digital acelerou a reabilitação do soft rock. Uma série viral no YouTube popularizou o termo “Yacht Rock”, transformando a perceção de uma piada a um marco cultural. Em junho de 2023, o recomeço cristalizou-se numa aceitação genuína na mainstream, com bandas em turnê, playlists de streaming e públicos mais jovens redescobrindo essas canções. Artistas destacados, incluindo Ambrosia, Captain & Tennille, Hall & Oates, Lionel Richie e Michael McDonald, encontraram uma relevância renovada através de colaborações contemporâneas e aparições.

Documentação Contemporânea

Uma série documental de três episódios agora explora toda essa trajetória—intitulada “Reign”, “Ruin” e “Resurrection”. O projeto apresenta entrevistas de arquivo e conversas com lendas sobreviventes e artistas contemporâneos, incluindo LA Reid, Richard Marx, Sheryl Crow, Stewart Copeland e outros. Esses segmentos revelam contribuições muitas vezes negligenciadas para o desenvolvimento do género, como o papel instrumental de Ray Parker Jr. além do seu famoso tema dos Ghostbusters, e como as colaborações de Kenny Loggins e Michael McDonald moldaram o movimento singer-songwriter.

Impacto Cultural e Legado Duradouro

O que distingue a segunda fase do soft rock é a descoberta de que essas composições carregam um significado mais profundo do que a sua superficial sentimentalidade sugere. Em vez de representar uma evasão emocional, o género enfatizou a conexão humana genuína e o amor—temas que ressoam através de gerações e momentos culturais. A canção de soft rock com mais covers, um facto destacado no documentário, reforça esse apelo duradouro entre músicos de diferentes géneros.

A persistência do género demonstra que movimentos musicais desprezados pelos críticos frequentemente possuem uma resistência cultural que transcende o consenso crítico, fazendo do ressurgimento do soft rock em junho de 2023 não apenas uma revivescência nostálgica, mas uma validação artística genuína.

DURAÇÃO: 3 episódios
GÉNERO: Documentário
PLATAFORMA: Paramount+
ARTISTAS EM DESTAQUE: Air Supply, Ambrosia, Captain & Tennille, The Carpenters, Christopher Cross, Hall & Oates, Kenny Loggins, Lionel Richie, Michael McDonald e mais