
O typosquatting consiste na prática fraudulenta em que agentes mal-intencionados tiram partido de eventuais erros ortográficos cometidos pelos utilizadores ao introduzirem endereços de sites ou ao procurarem serviços ligados ao ecossistema das criptomoedas. Estes agentes registam domínios muito semelhantes aos de exchanges, carteiras digitais ou projetos reconhecidos, mas com pequenas alterações na grafia, com o objetivo de direcionar utilizadores para sites maliciosos e, assim, apropriar-se de dados pessoais, chaves privadas ou fundos. Esta técnica é particularmente comum no setor das criptomoedas, já que, uma vez transferidos os fundos para endereços errados, a recuperação é praticamente impossível, resultando em perdas definitivas.
O typosquatting manifesta-se normalmente das seguintes formas:
Variações de domínio: Alterações subtis na grafia de domínios legítimos, como transformar "coinbase.com" em "conbase.com" ou "coinbas.com".
Substituição do domínio de topo (TLD): Utilização de diferentes extensões, como substituir ".com" por ".org" ou ".net", por exemplo, "binance.net" em vez de "binance.com".
Adição de caracteres: Inclusão de caracteres extra em domínios, como "coinbase-login.com" ou "my-coinbase.com".
Confusão visual: Utilização de caracteres de aparência semelhante, difíceis de distinguir, como trocar o número "0" pela letra "O" ou a letra "l" pelo número "1".
Extensão de marca: Adição de termos relacionados com o serviço ao domínio, como "coinbase-wallet.com" ou "metamask-extension.com".
Estes domínios são frequentemente usados para criar sites de phishing praticamente idênticos aos originais, tornando a distinção visual muito difícil, sobretudo para utilizadores menos experientes no ecossistema das criptomoedas.
O typosquatting tornou-se uma preocupação central de segurança no setor das criptomoedas, com impacto direto no mercado, nomeadamente:
Perdas financeiras diretas: De acordo com empresas de segurança blockchain, esquemas de typosquatting causaram perdas superiores a $500 milhões em ativos de utilizadores só em 2022.
Quebra de confiança dos utilizadores: A recorrência destes esquemas fragiliza a confiança dos utilizadores em todo o ecossistema cripto, dificultando a adoção generalizada.
Danos reputacionais: Exchanges e projetos de referência veem o seu nome associado a esquemas, mesmo sem responsabilidade direta, sofrendo prejuízos reputacionais.
Aumento dos custos de segurança: As entidades legítimas têm de investir mais recursos na defesa da sua marca contra typosquatting. Isto inclui o registo preventivo de domínios variantes e a monitorização contínua de novas tentativas de phishing.
Volatilidade de mercado: A exposição pública de esquemas de typosquatting em grande escala pode originar oscilações de preço de curto prazo em tokens relacionados, sobretudo nos que apresentam menor capitalização de mercado.
O typosquatting prospera no setor das criptomoedas devido aos seguintes riscos e desafios:
Irreversibilidade das transações: Uma vez confirmadas, as operações em blockchain não podem ser anuladas, o que torna praticamente irrecuperáveis os fundos desviados.
Lacunas regulatórias: O registo internacional de domínios e a descentralização das criptomoedas dificultam a intervenção eficaz das autoridades.
Falta de literacia em segurança: Muitos utilizadores iniciantes não têm conhecimentos básicos de segurança e não reconhecem os riscos dos domínios fraudulentos.
Complexidade técnica: Os métodos de verificação da autenticidade de sites, como a análise de certificados SSL, podem ser demasiado complexos para quem não tem formação técnica.
Baixo custo, elevado retorno: O registo de domínios tem custos muito reduzidos, enquanto os ganhos potenciais dos esquemas são elevados, criando uma assimetria que atrai cada vez mais atacantes.
Ferramentas automatizadas: Os atacantes recorrem a ferramentas automáticas para gerar e lançar em massa sites fraudulentos, ampliando o alcance dos ataques.
Engenharia social combinada: O typosquatting é frequentemente articulado com outras práticas fraudulentas, como phishing em redes sociais e anúncios falsos, formando ataques em várias camadas.
Para evitar o typosquatting, os utilizadores devem manter-se permanentemente atentos, adotar o hábito de confirmar os endereços dos sites e utilizar marcadores para aceder diretamente aos serviços cripto mais utilizados, em vez de recorrer a motores de pesquisa ou clicar em links.
Enquanto uma das técnicas fraudulentas mais recorrentes no ecossistema das criptomoedas, o typosquatting constitui uma ameaça séria para todo o setor. Com o crescimento do valor das criptomoedas e o aumento do número de utilizadores, estes ataques tendem a tornar-se mais sofisticados e frequentes. É fundamental que o setor atue de forma coordenada, apostando na formação dos utilizadores, em soluções tecnológicas e numa regulação de domínios mais eficaz. Paralelamente, os utilizadores devem reforçar a sua literacia em segurança, aprender a identificar domínios suspeitos e habituar-se a introduzir diretamente URLs oficiais nos navegadores ou a recorrer a marcadores.
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