O resumo anual do Bitcoin Optech é tradicionalmente considerado um farol técnico no ecossistema do Bitcoin. Ele não se foca na volatilidade do preço, mas registra os pulsos mais autênticos do protocolo Bitcoin e da infraestrutura essencial.
O relatório de 2025 revela uma tendência clara: o Bitcoin está passando de uma abordagem de “defesa passiva” para uma de “evolução ativa”.
No último ano, a comunidade deixou de se contentar apenas em corrigir vulnerabilidades, passando a abordar sistematicamente ameaças de sobrevivência (como a computação quântica) e, sem sacrificar a descentralização, explorar de forma agressiva os limites de escalabilidade e programabilidade. Este relatório não é apenas um memorando para desenvolvedores, mas um índice-chave para entender as propriedades dos ativos, a segurança da rede e a lógica de governança do Bitcoin nos próximos cinco a dez anos.
Conclusões principais
Ao olhar para 2025, a evolução tecnológica do Bitcoin apresenta três características centrais, que também são a chave para compreender os seguintes 10 principais eventos:
Prevenção proativa: O roteiro de defesa contra ameaças quânticas torna-se claro e operacional pela primeira vez, estendendo o pensamento de segurança do “agora” para a “pós-quantum”.
Camadas funcionais: As discussões intensas sobre propostas de soft fork, como o BIP119 (CTV) e o BIP348 (CSFS), além da evolução “hot-swappable” da Lightning Network, demonstram que o Bitcoin está alcançando uma arquitetura de “fundação sólida, camadas superiores flexíveis” por meio de protocolos em camadas.
Descentralização da infraestrutura: Desde o protocolo de mineração (Stratum v2) até a validação de nós (Utreexo/SwiftSync), muitos recursos de engenharia estão sendo investidos para reduzir a barreira de entrada e aumentar a resistência à censura, visando combater a atração à centralização no mundo físico.
O relatório anual do Bitcoin Optech cobre centenas de submissões de código, debates em grupos de discussão e propostas BIP ao longo do último ano. Para extrair sinais relevantes do ruído técnico, eliminei atualizações que se limitam a “otimizações locais” e selecionei os seguintes 10 eventos com impacto estrutural no ecossistema.
Defesa sistemática contra ameaças quânticas e “roteiro de reforço”
【Status: Pesquisa e propostas de longo prazo】
2025 marca uma mudança de atitude na comunidade Bitcoin frente à ameaça da computação quântica, passando de uma discussão teórica para preparação de engenharia. O BIP360 foi numerado e renomeado para P2TSH (Pay to Tapscript Hash). Isso é visto como um passo importante no roteiro de reforço quântico, além de servir de forma mais geral a certos casos de uso do Taproot (como estruturas de compromisso que não requerem chaves internas).
Simultaneamente, a comunidade aprofundou a discussão sobre soluções específicas de assinatura segura contra quântica, incluindo a introdução futura de capacidades de script relacionadas (como a reintrodução do OP_CAT ou novos operadores de assinatura), o uso de OP_CAT para construir assinaturas Winternitz, a discussão sobre validar STARKs como capacidade nativa de script, e a otimização de custos on-chain de esquemas de assinatura hash (como SLH-DSA / SPHINCS+).
Este tópico ocupa a primeira posição porque toca na base matemática do Bitcoin. Se a computação quântica realmente enfraquecer a hipótese de logaritmo discreto em curvas elípticas no futuro (ameaçando a segurança das assinaturas ECDSA/Schnorr), isso provocará uma pressão sistêmica de migração e uma hierarquia de segurança de saídas históricas. Isso força o Bitcoin a se preparar antecipadamente para atualizações no protocolo e na carteira. Para os detentores de longo prazo, escolher soluções de custódia com roteiro de atualização e cultura de auditoria de segurança, além de monitorar possíveis janelas de migração futuras, será uma lição essencial para preservação de ativos.
Explosão de propostas de soft fork: a pedra angular para construir " cofres programáveis"
【Status: Discussões intensas / Fase de rascunho】
Este ano foi marcado por discussões intensas sobre propostas de soft fork, com foco principal em como liberar a capacidade de script mantendo a simplicidade. Propostas contratuais como o CTV (BIP119) e o CSFS (BIP348), além de tecnologias como LNHANCE e OP_TEMPLATEHASH, tentam introduzir regras mais seguras de “restrição” no Bitcoin. Além disso, o OP_CHECKCONTRACTVERIFY (CCV) foi padronizado como BIP443, e várias propostas de operações aritméticas e recuperação de scripts estão aguardando consenso.
Essas atualizações, que parecem complexas, na verdade adicionam novas “leis físicas” à rede de valor global. Elas prometem tornar as construções nativas de " cofres (Vaults)" mais simples, seguras e padronizadas, permitindo que usuários configurem mecanismos de atraso na retirada e janelas de revogação, realizando uma “programabilidade de autoproteção” na camada de expressão do protocolo. Além disso, essas capacidades podem reduzir significativamente os custos e a complexidade de interações em camadas secundárias como a Lightning Network e DLCs (Contratos de Logaritmo Discreto).
Reconstrução “antissabotagem” na infraestrutura de mineração
【Status: Implementação experimental / Evolução do protocolo】
A descentralização na camada de mineração determina diretamente a resistência à censura do Bitcoin. Em 2025, o Bitcoin Core 30.0 introduziu uma interface IPC experimental, otimizando significativamente a interação entre o software de pools/mineração Stratum v2 e a lógica de validação do Bitcoin Core, reduzindo a dependência do ineficiente JSON-RPC e facilitando a integração do Stratum v2.
Uma das capacidades-chave do Stratum v2 é, ao ativar mecanismos como a negociação de trabalhos (Job Negotiation), descentralizar ainda mais a escolha de transações, transferindo-a dos pools para os mineradores, aumentando a resistência à censura. Ao mesmo tempo, a emergência do MEVpool tenta resolver o problema do MEV (Valor Máximo Extraível) por meio de modelos de mercado de mercado cego e competição, idealmente coexistindo múltiplos marketplaces para evitar que um único mercado se torne um novo centro de centralização. Isso é crucial para garantir que, em ambientes extremos, as transações dos usuários ainda possam ser incluídas de forma justa.
Atualização do sistema imunológico: divulgação de vulnerabilidades e fuzzing diferencial
【Status: Operações contínuas de engenharia】
A segurança do Bitcoin depende de uma autoverificação antes de ataques reais. Em 2025, o Optech documentou várias vulnerabilidades em implementações do Bitcoin Core e Lightning (como LDK/LND/Eclair), abrangendo desde travamentos de fundos até desanonimização de privacidade e riscos graves de roubo de fundos. Este ano, o Bitcoinfuzz utilizou a técnica de “fuzzing diferencial” para comparar respostas de diferentes softwares ao mesmo dado, identificando mais de 35 bugs profundos.
Esse “teste de estresse” de alta intensidade é um sinal de maturidade do ecossistema. Funciona como uma vacina: embora exponha vulnerabilidades a curto prazo, fortalece significativamente a imunidade do sistema a longo prazo. Para usuários que dependem de ferramentas de privacidade ou Lightning, também serve como um alerta: nenhum software é perfeito, e manter componentes críticos atualizados é a regra mais básica para garantir a segurança dos fundos.
Splicing na Lightning Network: a “atualização quente” de canais
【Status: Suporte experimental em múltiplas implementações】
A Lightning Network alcançou uma grande inovação em 2025: Splicing (juntar/atualizar canais). Essa tecnologia permite que usuários ajustem dinamicamente os fundos sem fechar o canal (recarregar ou retirar), já disponível experimentalmente nas principais implementações LDK, Eclair e Core Lightning. Embora os padrões BOLTs ainda estejam sendo refinados, os testes de compatibilidade entre implementações avançaram significativamente.
Splicing é a capacidade de “adicionar ou remover fundos sem fechar o canal”. Promete reduzir falhas de pagamento e fricções operacionais causadas por dificuldades na gestão de fundos de canal. Futuramente, carteiras poderão reduzir bastante a curva de aprendizado de engenharia de canais, permitindo que mais usuários usem a LN como uma camada de pagamento próxima a uma “conta de saldo”, sendo um passo importante para a adoção massiva do Bitcoin como meio de pagamento cotidiano.
Revolução no custo de validação: rodando nós completos em “dispositivos comuns”
【Status: Protótipo (SwiftSync) / Rascunho de BIP (Utreexo)】
A barreira de entrada para a descentralização está no custo de validação. Em 2025, as tecnologias SwiftSync e Utreexo desafiam essa barreira. SwiftSync, ao otimizar a escrita do conjunto UTXO durante o IBD (Download Inicial de Blocos), só adiciona ao estado da cadeia quando uma saída ainda não foi gasta ao final do IBD, usando um arquivo de dicas (“hints”) de “confiança mínima” que acelera o processo em mais de 5 vezes, além de permitir validação paralela. Utreexo (BIP181-183), por sua vez, usa um acumulador de floresta Merkle, permitindo que nós validem transações sem armazenar localmente o conjunto completo UTXO.
O avanço dessas tecnologias torna viável operar nós completos em dispositivos com recursos limitados, aumentando o número de validadores independentes na rede.
Cluster Mempool: reformulação da base de agendamento de taxas
【Status: Quase lançado (Staging)】
Previsto na Bitcoin Core 31.0, o Cluster Mempool (memória de transações em cluster) está quase finalizado. Ele introduz estruturas como TxGraph, abstraindo dependências complexas de transações em problemas de “agrupamento/ordenação de transações” que podem ser resolvidos de forma eficiente, tornando a construção de modelos de blocos mais sistemática.
Embora seja uma atualização de sistema de agendamento, deve melhorar a estabilidade e previsibilidade na estimativa de taxas. Eliminando a ordenação de transações por algoritmos limitados, a rede Bitcoin deve se comportar de forma mais racional e suave em momentos de congestão, e solicitações de aceleração de transações (CPFP/RBF) passarão a funcionar com maior lógica de certeza.
Governança refinada na camada de propagação P2P
【Status: Atualização de estratégia / Otimizações contínuas】
Diante do aumento de transações de baixas taxas em 2025, a rede P2P do Bitcoin passou por uma mudança de estratégia. O Bitcoin Core 29.1 reduziu a taxa mínima de retransmissão padrão para 0.1 sat/vB. Além disso, o protocolo Erlay continua a ser aprimorado para reduzir o consumo de banda dos nós; propostas de compartilhamento de modelos de bloco também estão em andamento, assim como estratégias de reconstrução de blocos compactos, para lidar com ambientes de propagação cada vez mais complexos.
Com políticas mais consistentes e limites mais baixos por padrão, a viabilidade de transações de baixa taxa na rede deve melhorar, reduzindo a exigência de banda para operar nós e mantendo a equidade da rede.
Debate sobre OP_RETURN e a “tragédia dos bens comuns” no espaço de blocos
【Status: Mudanças na política de mempool (Core 30.0)】
O Core 30.0 flexibilizou as restrições de OP_RETURN (permitindo mais saídas e removendo alguns limites de tamanho), o que gerou em 2025 um intenso debate filosófico sobre o uso do Bitcoin. É importante notar que isso faz parte da política de mempool do Bitcoin Core (retransmissão padrão e estratégias de padrão), não das regras de consenso; mas afeta a facilidade de propagação das transações e sua visibilidade pelos mineradores, influenciando a competição pelo espaço de bloco.
Defensores argumentam que isso corrige distorções de incentivo, enquanto opositores temem que seja uma aprovação ao armazenamento de dados na cadeia. Essa discussão lembra que o espaço de bloco, como recurso escasso, é resultado de uma contínua disputa de interesses, mesmo fora do nível de consenso.
Kernel do Bitcoin: a “componentização” do código central
【Status: Reestruturação de arquitetura / Lançamento de API】
O Bitcoin Core deu em 2025 um passo decisivo na desacoplamento arquitetural: a introdução da API C do Kernel do Bitcoin. Isso marca a separação da lógica de validação de consenso do grande programa do nó, tornando-se um componente padrão, independente e reutilizável. Atualmente, esse núcleo suporta a reutilização da lógica de validação de blocos e do estado da cadeia por projetos externos.
A “componentização” trará benefícios de segurança estrutural ao ecossistema. Permite que backends de carteiras, indexadores e ferramentas de análise acessem diretamente a lógica de validação oficial, evitando riscos de divergências de consenso por duplicação de esforços. É como fornecer ao ecossistema do Bitcoin um “motor de fábrica” padronizado, que tornará as aplicações mais robustas.
Apêndice: Glossário (Mini-Glossary)
Para auxiliar na leitura, seguem breves definições dos principais termos utilizados:
UTXO (Unspent Transaction Output): Saída de transação não gasta, unidade básica do estado do livro-razão do Bitcoin, indicando quem possui quanto de moeda.
IBD (Initial Block Download): Processo de sincronização do histórico de blocos ao ingressar na rede.
CPFP / RBF: Dois mecanismos de aceleração de transações. CPFP (Child Pays For Parent) usa uma nova transação para impulsionar uma antiga; RBF (Replace-By-Fee) substitui uma transação de menor taxa por uma de maior.
Mempool (Memória de transações): Buffer onde as transações broadcastadas, mas ainda não incluídas em blocos, são armazenadas.
BOLTs: Conjunto de especificações técnicas da Lightning Network.
MEV (Maximal Extractable Value): Valor máximo extraível, lucro adicional que mineradores podem obter ao reordenar ou censurar transações.
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Panorama completo da camada de protocolo do Bitcoin em 2025
Escrever: Zhixiong Pan
O resumo anual do Bitcoin Optech é tradicionalmente considerado um farol técnico no ecossistema do Bitcoin. Ele não se foca na volatilidade do preço, mas registra os pulsos mais autênticos do protocolo Bitcoin e da infraestrutura essencial.
O relatório de 2025 revela uma tendência clara: o Bitcoin está passando de uma abordagem de “defesa passiva” para uma de “evolução ativa”.
No último ano, a comunidade deixou de se contentar apenas em corrigir vulnerabilidades, passando a abordar sistematicamente ameaças de sobrevivência (como a computação quântica) e, sem sacrificar a descentralização, explorar de forma agressiva os limites de escalabilidade e programabilidade. Este relatório não é apenas um memorando para desenvolvedores, mas um índice-chave para entender as propriedades dos ativos, a segurança da rede e a lógica de governança do Bitcoin nos próximos cinco a dez anos.
Conclusões principais
Ao olhar para 2025, a evolução tecnológica do Bitcoin apresenta três características centrais, que também são a chave para compreender os seguintes 10 principais eventos:
Prevenção proativa: O roteiro de defesa contra ameaças quânticas torna-se claro e operacional pela primeira vez, estendendo o pensamento de segurança do “agora” para a “pós-quantum”.
Camadas funcionais: As discussões intensas sobre propostas de soft fork, como o BIP119 (CTV) e o BIP348 (CSFS), além da evolução “hot-swappable” da Lightning Network, demonstram que o Bitcoin está alcançando uma arquitetura de “fundação sólida, camadas superiores flexíveis” por meio de protocolos em camadas.
Descentralização da infraestrutura: Desde o protocolo de mineração (Stratum v2) até a validação de nós (Utreexo/SwiftSync), muitos recursos de engenharia estão sendo investidos para reduzir a barreira de entrada e aumentar a resistência à censura, visando combater a atração à centralização no mundo físico.
O relatório anual do Bitcoin Optech cobre centenas de submissões de código, debates em grupos de discussão e propostas BIP ao longo do último ano. Para extrair sinais relevantes do ruído técnico, eliminei atualizações que se limitam a “otimizações locais” e selecionei os seguintes 10 eventos com impacto estrutural no ecossistema.
【Status: Pesquisa e propostas de longo prazo】
2025 marca uma mudança de atitude na comunidade Bitcoin frente à ameaça da computação quântica, passando de uma discussão teórica para preparação de engenharia. O BIP360 foi numerado e renomeado para P2TSH (Pay to Tapscript Hash). Isso é visto como um passo importante no roteiro de reforço quântico, além de servir de forma mais geral a certos casos de uso do Taproot (como estruturas de compromisso que não requerem chaves internas).
Simultaneamente, a comunidade aprofundou a discussão sobre soluções específicas de assinatura segura contra quântica, incluindo a introdução futura de capacidades de script relacionadas (como a reintrodução do OP_CAT ou novos operadores de assinatura), o uso de OP_CAT para construir assinaturas Winternitz, a discussão sobre validar STARKs como capacidade nativa de script, e a otimização de custos on-chain de esquemas de assinatura hash (como SLH-DSA / SPHINCS+).
Este tópico ocupa a primeira posição porque toca na base matemática do Bitcoin. Se a computação quântica realmente enfraquecer a hipótese de logaritmo discreto em curvas elípticas no futuro (ameaçando a segurança das assinaturas ECDSA/Schnorr), isso provocará uma pressão sistêmica de migração e uma hierarquia de segurança de saídas históricas. Isso força o Bitcoin a se preparar antecipadamente para atualizações no protocolo e na carteira. Para os detentores de longo prazo, escolher soluções de custódia com roteiro de atualização e cultura de auditoria de segurança, além de monitorar possíveis janelas de migração futuras, será uma lição essencial para preservação de ativos.
【Status: Discussões intensas / Fase de rascunho】
Este ano foi marcado por discussões intensas sobre propostas de soft fork, com foco principal em como liberar a capacidade de script mantendo a simplicidade. Propostas contratuais como o CTV (BIP119) e o CSFS (BIP348), além de tecnologias como LNHANCE e OP_TEMPLATEHASH, tentam introduzir regras mais seguras de “restrição” no Bitcoin. Além disso, o OP_CHECKCONTRACTVERIFY (CCV) foi padronizado como BIP443, e várias propostas de operações aritméticas e recuperação de scripts estão aguardando consenso.
Essas atualizações, que parecem complexas, na verdade adicionam novas “leis físicas” à rede de valor global. Elas prometem tornar as construções nativas de " cofres (Vaults)" mais simples, seguras e padronizadas, permitindo que usuários configurem mecanismos de atraso na retirada e janelas de revogação, realizando uma “programabilidade de autoproteção” na camada de expressão do protocolo. Além disso, essas capacidades podem reduzir significativamente os custos e a complexidade de interações em camadas secundárias como a Lightning Network e DLCs (Contratos de Logaritmo Discreto).
【Status: Implementação experimental / Evolução do protocolo】
A descentralização na camada de mineração determina diretamente a resistência à censura do Bitcoin. Em 2025, o Bitcoin Core 30.0 introduziu uma interface IPC experimental, otimizando significativamente a interação entre o software de pools/mineração Stratum v2 e a lógica de validação do Bitcoin Core, reduzindo a dependência do ineficiente JSON-RPC e facilitando a integração do Stratum v2.
Uma das capacidades-chave do Stratum v2 é, ao ativar mecanismos como a negociação de trabalhos (Job Negotiation), descentralizar ainda mais a escolha de transações, transferindo-a dos pools para os mineradores, aumentando a resistência à censura. Ao mesmo tempo, a emergência do MEVpool tenta resolver o problema do MEV (Valor Máximo Extraível) por meio de modelos de mercado de mercado cego e competição, idealmente coexistindo múltiplos marketplaces para evitar que um único mercado se torne um novo centro de centralização. Isso é crucial para garantir que, em ambientes extremos, as transações dos usuários ainda possam ser incluídas de forma justa.
【Status: Operações contínuas de engenharia】
A segurança do Bitcoin depende de uma autoverificação antes de ataques reais. Em 2025, o Optech documentou várias vulnerabilidades em implementações do Bitcoin Core e Lightning (como LDK/LND/Eclair), abrangendo desde travamentos de fundos até desanonimização de privacidade e riscos graves de roubo de fundos. Este ano, o Bitcoinfuzz utilizou a técnica de “fuzzing diferencial” para comparar respostas de diferentes softwares ao mesmo dado, identificando mais de 35 bugs profundos.
Esse “teste de estresse” de alta intensidade é um sinal de maturidade do ecossistema. Funciona como uma vacina: embora exponha vulnerabilidades a curto prazo, fortalece significativamente a imunidade do sistema a longo prazo. Para usuários que dependem de ferramentas de privacidade ou Lightning, também serve como um alerta: nenhum software é perfeito, e manter componentes críticos atualizados é a regra mais básica para garantir a segurança dos fundos.
【Status: Suporte experimental em múltiplas implementações】
A Lightning Network alcançou uma grande inovação em 2025: Splicing (juntar/atualizar canais). Essa tecnologia permite que usuários ajustem dinamicamente os fundos sem fechar o canal (recarregar ou retirar), já disponível experimentalmente nas principais implementações LDK, Eclair e Core Lightning. Embora os padrões BOLTs ainda estejam sendo refinados, os testes de compatibilidade entre implementações avançaram significativamente.
Splicing é a capacidade de “adicionar ou remover fundos sem fechar o canal”. Promete reduzir falhas de pagamento e fricções operacionais causadas por dificuldades na gestão de fundos de canal. Futuramente, carteiras poderão reduzir bastante a curva de aprendizado de engenharia de canais, permitindo que mais usuários usem a LN como uma camada de pagamento próxima a uma “conta de saldo”, sendo um passo importante para a adoção massiva do Bitcoin como meio de pagamento cotidiano.
【Status: Protótipo (SwiftSync) / Rascunho de BIP (Utreexo)】
A barreira de entrada para a descentralização está no custo de validação. Em 2025, as tecnologias SwiftSync e Utreexo desafiam essa barreira. SwiftSync, ao otimizar a escrita do conjunto UTXO durante o IBD (Download Inicial de Blocos), só adiciona ao estado da cadeia quando uma saída ainda não foi gasta ao final do IBD, usando um arquivo de dicas (“hints”) de “confiança mínima” que acelera o processo em mais de 5 vezes, além de permitir validação paralela. Utreexo (BIP181-183), por sua vez, usa um acumulador de floresta Merkle, permitindo que nós validem transações sem armazenar localmente o conjunto completo UTXO.
O avanço dessas tecnologias torna viável operar nós completos em dispositivos com recursos limitados, aumentando o número de validadores independentes na rede.
【Status: Quase lançado (Staging)】
Previsto na Bitcoin Core 31.0, o Cluster Mempool (memória de transações em cluster) está quase finalizado. Ele introduz estruturas como TxGraph, abstraindo dependências complexas de transações em problemas de “agrupamento/ordenação de transações” que podem ser resolvidos de forma eficiente, tornando a construção de modelos de blocos mais sistemática.
Embora seja uma atualização de sistema de agendamento, deve melhorar a estabilidade e previsibilidade na estimativa de taxas. Eliminando a ordenação de transações por algoritmos limitados, a rede Bitcoin deve se comportar de forma mais racional e suave em momentos de congestão, e solicitações de aceleração de transações (CPFP/RBF) passarão a funcionar com maior lógica de certeza.
【Status: Atualização de estratégia / Otimizações contínuas】
Diante do aumento de transações de baixas taxas em 2025, a rede P2P do Bitcoin passou por uma mudança de estratégia. O Bitcoin Core 29.1 reduziu a taxa mínima de retransmissão padrão para 0.1 sat/vB. Além disso, o protocolo Erlay continua a ser aprimorado para reduzir o consumo de banda dos nós; propostas de compartilhamento de modelos de bloco também estão em andamento, assim como estratégias de reconstrução de blocos compactos, para lidar com ambientes de propagação cada vez mais complexos.
Com políticas mais consistentes e limites mais baixos por padrão, a viabilidade de transações de baixa taxa na rede deve melhorar, reduzindo a exigência de banda para operar nós e mantendo a equidade da rede.
【Status: Mudanças na política de mempool (Core 30.0)】
O Core 30.0 flexibilizou as restrições de OP_RETURN (permitindo mais saídas e removendo alguns limites de tamanho), o que gerou em 2025 um intenso debate filosófico sobre o uso do Bitcoin. É importante notar que isso faz parte da política de mempool do Bitcoin Core (retransmissão padrão e estratégias de padrão), não das regras de consenso; mas afeta a facilidade de propagação das transações e sua visibilidade pelos mineradores, influenciando a competição pelo espaço de bloco.
Defensores argumentam que isso corrige distorções de incentivo, enquanto opositores temem que seja uma aprovação ao armazenamento de dados na cadeia. Essa discussão lembra que o espaço de bloco, como recurso escasso, é resultado de uma contínua disputa de interesses, mesmo fora do nível de consenso.
【Status: Reestruturação de arquitetura / Lançamento de API】
O Bitcoin Core deu em 2025 um passo decisivo na desacoplamento arquitetural: a introdução da API C do Kernel do Bitcoin. Isso marca a separação da lógica de validação de consenso do grande programa do nó, tornando-se um componente padrão, independente e reutilizável. Atualmente, esse núcleo suporta a reutilização da lógica de validação de blocos e do estado da cadeia por projetos externos.
A “componentização” trará benefícios de segurança estrutural ao ecossistema. Permite que backends de carteiras, indexadores e ferramentas de análise acessem diretamente a lógica de validação oficial, evitando riscos de divergências de consenso por duplicação de esforços. É como fornecer ao ecossistema do Bitcoin um “motor de fábrica” padronizado, que tornará as aplicações mais robustas.
Apêndice: Glossário (Mini-Glossary)
Para auxiliar na leitura, seguem breves definições dos principais termos utilizados:
UTXO (Unspent Transaction Output): Saída de transação não gasta, unidade básica do estado do livro-razão do Bitcoin, indicando quem possui quanto de moeda.
IBD (Initial Block Download): Processo de sincronização do histórico de blocos ao ingressar na rede.
CPFP / RBF: Dois mecanismos de aceleração de transações. CPFP (Child Pays For Parent) usa uma nova transação para impulsionar uma antiga; RBF (Replace-By-Fee) substitui uma transação de menor taxa por uma de maior.
Mempool (Memória de transações): Buffer onde as transações broadcastadas, mas ainda não incluídas em blocos, são armazenadas.
BOLTs: Conjunto de especificações técnicas da Lightning Network.
MEV (Maximal Extractable Value): Valor máximo extraível, lucro adicional que mineradores podem obter ao reordenar ou censurar transações.