Os reguladores europeus parecem ter jogado todas as cartas quando se trata dos ativos russos congelados. Diz-se por aí que já esgotaram todas as manobras legais possíveis, mas a situação continua num impasse.

Toda esta saga levanta algumas questões desconfortáveis sobre as finanças tradicionais. Quando agentes estatais podem simplesmente congelar ativos no valor de milhares de milhões através de decisões políticas, isso expõe a fragilidade do sistema bancário convencional. Direitos de propriedade que presumíamos ser inquebráveis? Afinal, são mais como diretrizes quando a geopolítica se complica.

Para quem acompanha o funcionamento da riqueza soberana e das reservas internacionais, isto é uma verdadeira lição sobre risco sistémico. O precedente aqui estabelecido pode ter repercussões nas finanças globais de formas que ainda não compreendemos totalmente. Se a apreensão de ativos em larga escala se tornar uma ferramenta normalizada de guerra económica, o que resta para quem tenta preservar riqueza além-fronteiras?

A comunidade cripto tem chamado a atenção para situações exatamente como esta há anos. Não se diz que os ativos descentralizados sejam uma solução mágica, mas ver os sistemas tradicionais a esgotar as opções legais enquanto os fundos ficam em suspenso faz-nos, sem dúvida, pensar em alternativas. Quando as regras podem ser reescritas a meio do jogo, talvez valha a pena diversificar a forma e o local onde se guarda valor.